À procura de quê?

Casa nas Sete Cidades 2009


Quando Henry Thoreau se muda durante dois anos para o Lago Walden, no Massachusetts, não procurava um refúgio de uma sociedade esclavagista e restritiva, de um quotidiano de uma boom-town industrial ou de um retiro transcendentalista, pelo menos não à partida. Procurava um formato simplificado para o seu quotidiano e um estilo de vida que traduzisse da forma mais essencial a resolução das suas necessidades mundanas, ganhando com isso uma plenitude na sua relação com o meio natural do qual retira a subsistência e o tempo para viver essa relação diariamente e contemplá-la, escrevendo. 

A solução de Thoreau (temporária e repleta de erros didácticos) não constitui um ideal em si mas é um símbolo de um projecto de vida que passa por ultrapassar todo o percurso social e intelectual que a nossa cultura oferece à partida e procurar uma forma de existir nela, sem a renegar ou a aceitar simplesmente. Retenho da experiência de Walden uma lição importante: não me revejo numa cultura em que estamos divorciados dos nossos meios de subsistência e da cultura humana milenar que nos permitiu termos um compromisso com a Natureza capaz de assegurar a nossa coexistência. 

Desconheço totalmente qual é o caminho para o "meu" Walden pessoal, que provavelmente não estará na margem de um lago na Nova Inglaterra, mas gostava de ordenar aqui ideias, projectos e interesses para que pelo menos tenha uma espécie de preexistência digital e para que um dia encontre este lugar.

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