TV Rural [I] : o melhor reality show de sempre

0 comentários

Truísmos [II]

0 comentários
"Os problemas de Portugal são essencialmente agrícolas: excesso de nabos e falta de tomates." 

A.S. no Viragem

Pragmatismo e Caricatura do Pragmatismo

2 comentários
À esquerda, Polyface Farm (@vaaerial) , à direita uma exploração intensiva de aves ( @sraproject).
À esquerda, pastagem rotativa da Polyface Farm que consiste num sistema em que um pasto de culturas perenes e anuais (com forrageiras e feno produzido à parte) em que se alternam aves e gado bovino. O gado recolhe as ervas altas e deposita o estrume, as galinhas seguem-no alguns dias depois, quando as larvas do estrume estão a surgir, e tratam do resto do pasto e das pestes do gado, finalmente seguidas pelos coelhos. Os animais são processados e vendidos na quinta e a esta importa uma pequena quantidade do combustível (tem um conjunto muito reduzido de máquinas com mais de 20 anos) e nenhum fertilizante, pesticidas, herbicidas ou tratamento sanitário (é multada frequentemente). É um esquema produtivo circular em que o solo é constantemente fornecido de húmus, para acompanhamento de aumentos de produção dos animais saudáveis, que têm os seus comportamentos naturais encorajados e omnipresentes.

À direita, uma exploração ultra-intensiva de gado bovino (apenas) que consiste em abrigos onde os animais são mantidos toda a vida num espaço equivalente ao seu volume sem nunca terem pastado ou visto a luz do sol. A "piscina" ao lado consiste num poço ao livre de vários metros de profundidade de excremento e que, apesar de uma espessa parede de betão, permite infiltrações no solo e aquíferos subterrâneos (não é possível beber água do poço em alguns condados do EUA). Este excremento é levado por camiões para uma incineradora. O gado é mantido em proximidade extrema entre indivíduos e resíduos e alimentado exclusivamente a milho, que não consegue digerir por não ter evoluído nesse sentido, assim, como resultado, tem que ser medicado constantemente (através da ração) para não sucumbir antes do momento do abate. O campo à volta é plantado com milho transgénico em vez de pasto, o que implica trabalhar o solo com sementes adquiridas e um conjunto grande de fertilizantes, herbicidas e pesticidas com maquinaria pesada.

Apenas um deles não recebe subsídios que constituem 60% da fonte de financiamento; não contribui para poluir aquíferos, solos e ar; é mais produtivo em produtos diversificados; não está dependente de grandes fornecimentos de combustível, químicos de síntese e farmacêuticos; gera 5 vezes mais empregos; ocupa menos solo (que melhora produtivamente) e é capaz de vender em grandes e pequenas quantidades. O outro é o que alimenta grande parte dos países industrializados.

Truísmos [I]

0 comentários
"I'm busy promoting the Jeffersonian intelectual agrarian mystique in order to attract the best and the brightest to farming and I think that if we have agricultural models that actually return a white-collar salary to farming we will attract the best and the brightest." 

Entrevista a Joel Salatin via Planting Milkwood

Album [I]

0 comentários

Fotografias de António Pedro Ferreira, para a  reportagem "Um pouco mais de verde e era campo", de Katia Delimbeuf para a revista Única ( 13.06.2008)

Agricultura Urbana- Casos de Estudo [I]

0 comentários
Path to Freedom, Pasadena CA
 Esta é uma empresa familiar (4 adultos) localizada em Los Angeles, Califórnia que começou como uma produção em pequena escala de hortícolas para consumo próprio. Esta ideia evoluiu para um projecto de "auto-suficiência" (no maior grau possível) que inclui autonomia energética através de painéis PV e AQS, recolha de água da chuva para rega e de óleos alimentares para combustível do jipe de distribuição, processados num digestor próprio.
Com a evolução do conhecimento dos membros evoluiu para uma ocupação bastante eficiente do reduzido espaço (apenas 360m2!), transformando-se numa pequena empresa fornecedora de frescos.


A exploração comercial é caracterizada por:

- Produção de produtos de baixo custo de produção como germinados (rebentos para saladas); saladas, plântulas para transplante
- Produção de produtos exóticos ou de difícil de conservação como saladas asiáticas ou ervilhas frescas e também de espécies vegetais comestíveis locais (heirlooms)
-Produção de produtos caseiros de valor acrescentado como compotas, molhos e conservas
-Produção de Sementes de Agricultura Biológica para venda por correio

 










Osclientes são sobretudo:

-Contratos com restaurantes biológicos/health food/gourmet/catering locais
-Compradores por internet (sementes e conservas)
-A exploração envolve-se em acções não-lucrativas como educação alimentar e agrícola a crianças e apoio à escola do bairro
-Produzem também, para consumo próprio, fruta, mel e ovos

Para tornar tudo isto possível aplicam algumas tecnologias incontornáveis para agricultura urbana no seu clima seco, por exemplo:

-Recolha de água da chuva pelas coberturas, para rega e lavagem
-Usam "ollas", potes de barro enterrados que regam por capilaridade
-Usam rega conta-gotas ligada aos tanques de água da chuva
-"Square-foot gardening", uma forma de cultivar hortícolas em solos profundos e de composição
constantemente controlada, usando "camas elevadas"
-"Jardinagem vertical", criando armações metálicas que funcionam como suportes para trepadeiras (privilegiadas em relação ás formas arbustivas), sejam maracujás, kiwis, tomateiros, feijões, abóboras, melões, pepinos, etc. É uma forma eficiente de duplicação do espaço e regulação térmica do microclima do jardim.













O facto de esta exploração ser também a base de um fórum bastante popular e ser bastante divulgada nos media americanos torna-a num exemplo influente do que poderiam ser, numa escala menos ambiciosa, centenas de milhares de hectares em cidades por todo o mundo. Esta tipologia prova que é possível atingir atingir nichos comerciais para produção agrícola em grandes cidades e manter uma micro-exploração viável.

Todas as imagens são da Path to Freedom

À procura de quê?

0 comentários
Casa nas Sete Cidades 2009


Quando Henry Thoreau se muda durante dois anos para o Lago Walden, no Massachusetts, não procurava um refúgio de uma sociedade esclavagista e restritiva, de um quotidiano de uma boom-town industrial ou de um retiro transcendentalista, pelo menos não à partida. Procurava um formato simplificado para o seu quotidiano e um estilo de vida que traduzisse da forma mais essencial a resolução das suas necessidades mundanas, ganhando com isso uma plenitude na sua relação com o meio natural do qual retira a subsistência e o tempo para viver essa relação diariamente e contemplá-la, escrevendo. 

A solução de Thoreau (temporária e repleta de erros didácticos) não constitui um ideal em si mas é um símbolo de um projecto de vida que passa por ultrapassar todo o percurso social e intelectual que a nossa cultura oferece à partida e procurar uma forma de existir nela, sem a renegar ou a aceitar simplesmente. Retenho da experiência de Walden uma lição importante: não me revejo numa cultura em que estamos divorciados dos nossos meios de subsistência e da cultura humana milenar que nos permitiu termos um compromisso com a Natureza capaz de assegurar a nossa coexistência. 

Desconheço totalmente qual é o caminho para o "meu" Walden pessoal, que provavelmente não estará na margem de um lago na Nova Inglaterra, mas gostava de ordenar aqui ideias, projectos e interesses para que pelo menos tenha uma espécie de preexistência digital e para que um dia encontre este lugar.