Hortas Comunitárias em Portugal [XX- XXIII] : Iniciativas cívicas

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Alguns projectos não institucionais (e por isso revestidos de um mérito especial)

Hortas das Musas da Fontinha

Génese:
Movimento de cidadãos e de associações, como o grupo Terra Solta, que abordou proprietários de quintais e terrenos devolutos num quarteirão do Porto com uma proposta de limpeza e aproveitamento dos espaços.
Área / Nº de participantes:
11 talhões inicialmente (área desconhecida), actualmente várias áreas dispersas (ver mapa)
Objectivos:
Aproveitamento de espaços verdes no interior de quarteirões, experimentar com horticultura
Ligações:
  Site Oficial , Notícia
Notas:
Na ausência de um programa de hortas comunitárias na cidade do Porto (excepto o da Lipor) este projecto demonstra o grau de curiosidade em torno do tema, com uma ampla participação. Aproveitamento do facto de que muitos quarteirões do Porto têm uma tipologia com um miolo ocupado por longos lotes de terreno, hoje bastante subaproveitados.


Horta Comunitária do Monte Abraão

Génese:
Moradores de uma zona de Queluz aproveitam um baldio que é propriedade da Câmara e que estaria a aguardar um projecto de parque de estacionamento
Área / Nº de participantes:
Área desconhecida, núcleo com cerca de 20 participantes
Objectivos:
Aproveitamento de um terreno baldio no centro da cidade.
Ligações:
  Site Oficial , Notícia
Notas:
Particularidade de aproveitamento de um terreno aberto e destinado à impermeabilização, em que a actividade hortícola pode ter adiado/eliminado (?) o projecto inicial. Seria necessário proceder a análises do solo para determinar riscos decorrentes da localização.


Horta Comunitária da Damaia

Génese:
Aproveitamento de terreno camarário baldio, à semelhança dos casos anteriores.
Área / Nº de participantes:
Área e participantes desconhecidos
Objectivos:
Aproveitamento de um terreno baldio no centro da cidade, prática da horticultura
Ligações:
Notícia 1 , Notícia  2
Notas:
Ao contrário de outros casos, esta iniciativa deu origem a uma disputa com o proprietário (CM da Amadora), que apesar de invocar a poluição do local, só agiu após esta iniciativa de ocupação do terreno, sugerindo depois que os hortelãos se mudassem para um novo projecto com 200 talhões sem data anunciada. Esta situação deu origem a uma petição.


2 Hortas em 2 Dias

Génese:
Aproveitamento de  2 terrenos baldios  no centro histórico do Porto no âmbito da iniciativa de animação sócio-cultural "Manobras no Porto"
Área / Nº de participantes:
Área e participantes desconhecidos
Objectivos:
Chamar a atenção para o aproveitamento espontâneo de espaços verdes, numa zona histórica e turística que necessita de reabilitação paisagística
Ligações:
Anúncio
Notas:
Mais uma iniciativa do Terra Solta que prolonga o tipo de intervenção iniciado pelo primeiro exemplo desta série.

A Horta no Início* do Outono

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* nem por isso, estava a apanhar pimentos na semana passada, em meados de Outubro!  :S

Ohrwurm [I] : No passado Domingo

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Queda e Ascensão do Mercado Municipal [II]

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Mercat de San Josep @noeluap
Se existe então a intenção de apoiar um comércio de proximidade constituído por pequenas ou micro empresas que mudanças podemos procurar que signifiquem maior conveniência e qualidade sem sacrificar os seus aspectos positivos?
Este é o cerne da iniciativa de modernização levada a cabo pelo município de Barcelona em todos os seus mercados, um modelo que é hoje exportado por todo o mundo e que procura combinar os aspectos positivos das grandes superfícies e do comércio tradicional e pode ser sumarizado em alguns pontos:



- Os mercados são espaços assentes sobre zonas pedonais da cidade, que foram reformuladas ao mesmo tempo que o próprio mercado, privilegiando este tipo de comércio de proximidade que não depende de grandes superfícies de estacionamento ou viagens de automóvel
 
- Existe uma marca Mercats de Barcelona comum a todos os mercados mas com ligeiras variações para cada espaço. Os comerciantes aplicam esta marca na sinalética, embalagens e algum vestuário, unificando a rede e reforçando a noção de que a qualidade está distribuída por todos

- Oferecem-se todos os serviços e amenidades de qualquer hipermercado, como wi-fi nos espaços (sempre com zonas de estar dentro do próprio mercado), loja online, entregas ao domicílio mas também educação alimentar, aulas de culinária e formação com assuntos relacionados com saúde e alimentação

- Os clientes são encorajados a provar os produtos, a conhecerem melhor o seu uso e a estabelecerem uma relação de fidelidade com o seu fornecedor, que tende a ter um conhecimento mais aprofundado dos seus produtos específicos

- A entidade gestora coordena não só a manutenção dos espaços e a identidade mas dinamiza-o constantemente, com feiras temáticas, actividades gastronómicas e publicidade global  (ver a activa página FB do grupo). Coordena também a variedade de oferta, para que tenham uma conveniência ao nível de uma grande superfície.

-São retidos muitos aspectos socialmente significativos que são valorizados pelos clientes: os comerciantes são donos do seu próprio espaço por longos períodos; no seu conjunto tratam-se de pequenos distribuidores o que por sua vez os leva a negociar com pequenos produtores, esforçando-se para se diferenciarem dos restantes comerciantes; existe uma relação entre o produto e o vendedor para os clientes, etc.



Que desafios se colocam perante a aplicação deste modelo em Portugal, por exemplo no Porto, em que existem vários Mercados de grande valor arquitectónico e bem localizados embora em variados graus de declínio (Bom Sucesso, Bolhão, Foz, Massarelos)?  São vários e difíceis de resolver: cidades com centros vazios de habitantes, uma baixa área pedonal envolvente, hábitos de consumo acrítico, desvalorização da gastronomia e dependência do automóvel.

Uma vez que todos estes aspectos, embora ainda ubíquos, parecem felizmente dar indícios de algum enfraquecimento será que estamos prontos a dar em breve uma nova oportunidade aos mercados municipais?

Waldenomania [V]

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Queda e Ascensão do Mercado Municipal [I]

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fonte
As chamadas grandes superfícies comerciais oferecem fundamentalmente 3 benefícios aos seus clientes: fácil acesso automóvel; concentração e diversidade de oferta e economias de escala, que lhes permitem fazer alguns descontos importantes. Esta conveniência ditou o seu sucesso, mas também implica fragilidades que facilmente a põem em causa. 

Como é  explicado aqui, a maioria dos hipermercados fica fora de centros urbanos onde não há muitas alternativas ao automóvel, cuja despesa e tempo de viagem envolvidos podem ficar mal na comparação com compras mais frequentes mas integradas no percurso quotidiano habitual, possivelmente nem usando o carro.
Ao mesmo tempo, a diversidade de produtos tem vindo a diminuir tanto nos frescos (onde o que existe de diferente são sobretudo produtos exóticos) como nos processados, com a predominância das marcas brancas que são também praticamente a única estratégia de poupança ainda disponível.

Um sinal destas alterações é o facto de que cada vez mais cadeias de distribuição procuram formatos próximos da "loja de bairro", implantando-se em zonas urbanas com tráfego pedonal em espaços de pequena dimensão. Porém o carácter dos espaços não permite atingir algumas das potencialidades dos mercados institucionais, que é a abertura aos produtores e outros comerciantes em nome próprio e obter um espaço cívico onde concorrem outras funções e formas de interacção para além do abastecimento em alimentos.

Por outro lado os mercados municipais que restam definham pelas mais variadas razões, desde falta de investimento na manutenção do existente ou criação de infraestrutura nova inadequada ou localizada fora de centralidades que permitam integrar os tais percursos quotidianos até ao declínio populacional de muitas áreas urbanas e a perda de mercado para o hábito de combinar shopping & hipermercado na mesma visita.

Existem alguns sinais positivos mas tímidos: nascem alguns movimentos de defesa destes espaços (embora demasiado focado no fundamento arquitectónico); existe alguma mobilização em torno do "compre ao produtor" e "comprar nacional" e vão aparecendo alguns mercados biológicos, que paradoxalmente ilustram bem um preconceito - são inexplicavelmente segregados dos mercados municipais numa localização mais adequada a um status elevado do MPB, na percepção dos promotores.

Não é possível manter o modelo do mercado municipal do passado nem é possível ignorar as potencialidades de um modelo reformulado de comércio tradicional num mundo que é cada vez mais crítico em relação ao que compra e ao modo como o compra.
Vou propôr alguns meios de reformulação dos mercados municipais na segunda parte.

TV Rural [XVI] : "Prato Perene"

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A propósito do novo vídeo do Saber Fazer, divulgo aqui o documentário Perennial Plate, auto-produzido por Daniel Klein e Mirra Fine, que é um dos melhores exemplos do potencial da internet  para a produção de conteúdo educacional. 

No meio da profusão de programas sobre comida, viagens e modos de vida, ultrapassa facilmente muito do que vemos na televisão, trazendo uma visão original sobre jovens agricultores, alimentação local e muitos aspectos invulgares do panorama culinário dos EUA.

Aqui fica um dos primeiros episódios desta série, completamente disponível no Vimeo:


Proposta para incentivo da produção nacional através dos Municípios

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Estive no Sábado no evento "Terra Sã" organizado pela Agrobio e interpelei a representante da Ministra da Agricultura no Seminário dedicado à Segurança Alimentar.
Fiz uma proposta que já enviei, sem resposta, a todos os partidos e organizações relevantes no âmbito da agricultura, que passo a descrever: 
 
"Assistimos a cada vez mais apelos para consumo de produtos nacionais como forma de estimular a agricultura nacional e a economia do país. Ao mesmo tempo muitos produtores de pequena dimensão ou de zonas mais isoladas têm dificuldade em crescer ou escoar os seus produtos, devido
a um conjunto complexo de problemas.


Portugal tem mais de 300 municípios, sendo que cada um deles gere várias cantinas, bares e refeitórios- só no Município do Porto são mais de 40 cantinas.

A maior parte do abastecimento de bens é feito através das Compras Públicas ou da contratação de serviços de "catering" segundo recomendações das entidades contratadoras que são os Municípios.

Proponho que todas as compras públicas da área alimentar dos municípios coloquem sempre em prioridade de acesso ao abastecimento das instituições os produtores locais, regionais e nacionais de produtos agrícolas frescos ou transformados.

Nos concursos para fornecimento de refeições completas uma condição
para o concurso deverá ser a aplicação do mesmo critério para os ingredientes a preparar, sem prejuízo das indicações nutricionais para as ementas (e alguma flexibilidade devido à sazonalidade de muitos ingredientes). A escolha do fornecedor deverá tem em conta não só a sua capacidade de fornecimento como uma discriminação positiva que privilegiando explorações agrícolas locais e de menor dimensão, se necessário distribuindo-as pelas várias instituições. A selecção seria também condicional ao cumprimento de toda a legislação em vigor relativa às condições de higiene, conservação e transporte.

Isto permitiria vários aspectos positivos: acesso a um mercado regular e local por parte de pequenos e médios produtores locais por todo o país; o "Estado a dar o exemplo" nas suas compras públicas e por fim as crianças, funcionários e utentes de serviços sociais teriam a oportunidade de ter maior consciência da sazonalidade e especificidade da sua culinária local, que se reflectiria nos menus."


Nuno Oliveira

Album [XII]: Yeehaw!

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Posters para o Mercado de Produtores de Knoxville, por Yeehaw Design




Hortas Comunitárias em Portugal [XIII -XIX ] : Novas iniciativas de Norte a Sul

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Hortas Sociais da Azambuja

Génese:
Inicialmente com arrendamento espontâneo de terrenos municipais dispersos e sem uso, evolução posterior para programa institucional de hortas sociais.
Área / Nº de participantes:
40 hortas dispersas inicialmente (área desconhecida), 10 lotes de terreno com 200m2 cada um na nova fase
Objectivos:
Apoio ao rendimento mensal das famílias que se candidatam, horticultura de subsistência 
Ligações:
  Notícia 1 (primeira fase), Notícia 2 (segunda fase) 
Notas:
É positiva a existência do hábito de alugar terrenos municipais devolutos para criação de hortas e a resposta pro-activa do município a esta tendência, com a criação "oficial" de novos espaços.

Horta Comunitária de Torre de Moncorvo

Génese:
Afectação de terreno camarário de vocação agrícola
Área / Nº de participantes:
150 talhões de 30-50m2 (10000m2 total)
Objectivos:
Prática de horticultura e jardinagem, aprendizagem e subsistência
Ligações:
Notícia, Anúncio Oficial
Notas:
Trata-se de mais uma afectação do modelo de aproveitamento de áreas agrícolas pertencentes à autarquia, com uma divisão em talhões de pequena dimensão e inclusão de fornecimento de água


Hortas Urbanas de Vila Praia de Âncora

Génese:
Reaproveitamento de parte de terreno em pousio de uma quinta pertencente ao município de Caminha.
Área / Nº de participantes:
20 talhões de 66m2 (1320m2 total)
Objectivos:
Prática de horticultura e jardinagem, formação em compostagem e subsistência
Ligações:
Notícia, Anúncio Oficial
Notas:
Mais uma iniciativa de aproveitamento de áreas agrícolas pertencentes à autarquia, com uma divisão em talhões de pequena dimensão e inclusão de fornecimento de água.

Hortas Sociais de Faro

Génese:
Conversão agrícola de um pequeno terreno no centro histórico da cidade.
Área / Nº de participantes:
8 talhões, área desconhecida
Objectivos:
Prática de horticultura para subsistência, alertar para questões ambientais e formação em compostagem
Ligações:
Notícia, Anúncio Oficial
Notas:
Projecto pela localização numa área do centro da cidade, mas de alcance muito reduzido dada a sua dimensão e objectivos, base demasiado demonstrativa.

Hortas Biológicas de Alfândega da Fé

Génese:
Conversão agrícola de um terreno nas traseiras de um centro escolar por iniciativa camarária
Área / Nº de participantes:
28 talhões de 45m2 (1260m2)
Objectivos:
Prática de horticultura para subsistência, formação em compostagem e horticultura, ocupação tempos livres
Ligações:
Notícia, Anúncio Oficial
Notas:
Iniciativa tem a particularidade de fornecer formação prévia e de incorporar um projecto de horticultura terapêutica para crianças com necessidades especiais.

Hortas Biológicas Urbanas de Póvoa de Santa Iria

Génese:
Reactivação de uma quinta pertencente à autarquia de VF de Xira
Área / Nº de participantes:
40 talhões de 40m2 (1600m2)
Objectivos:
Horticultura para ocupação tempos livres e subsistência, actividades com crianças
Ligações:
Notícia, Anúncio Oficial
Notas:
Mais uma colaboração de um município com a AGROBIO, com a variante de possibilitar a inclusão de uma cadeira de Horticultura na universidade sénior local


Quintal Biológico da Alcaria

Génese:
Aproveitamento de um espaço de quintal em terrenos da JF de Alcaria
Área / Nº de participantes:
? Alguns utentes institucionais e voluntários
Objectivos:
Espaço de lazer com demonstração e prática da horticultura e jardinagem
Ligações:
Notícia, Anúncio Oficial
Notas:
Particularidade de ser iniciativa de um Junta de Freguesia e de ser mais marcado o carácter de lazer e convívio, com a própria JF a encarregar-se da manutenção do espaços.