Este projecto com sede em Milwaukee, nos EUA, é bastante mais complexo do que a exploração familiar anterior mas tem na sua génese o mesmo conceito comum: alcançar uma produção de alimentos ambiental e comercialmente viável em ambiente urbano.
Foi fundado por Will Allen como um programa educativo destinado a ensinar jovens de bairros degradados a produzirem alimentos para a sua comunidade, geralmente fora dos circuitos de distribuição de produtos frescos e não processados, os chamados "food deserts", zonas com a maior densidade de cadeias de fast-food, pior alimentação escolar e menor poder de compra. O projecto tem três focos principais: componente formativa e educativa relativo à agricultura e alimentação sustentável/saudável; serviços de consultoria e instalação de tecnologia agrícola e a comercialização de produtos próprios e de valor acrescentado, sob uma cooperativa de vários produtores locais.
O factor espaço versus produtividade é aqui ultrapassado de formas bastante criativas e foi mesmo o primeiro local onde vi descritas algumas técnicas que vêm do conhecimento tipo experiência e erro do seu fundador, como por exemplo:
-As plataformas de cultivo estão totalmente dentro de estufas, sobre tabuleiros dispostos na vertical e utilizando "aquapónica", ou seja cultivando legumes e criando peixes vegetarianos (tilapia e perca) num sistema fechado e sucessivo. Isto torna possível alimentar os peixes com parte da produção vegetal (incluindo resíduos), e estes fertilizam o solo (com os dejectos depositados) e fornecem carne. Este curioso sistema permite-lhes cultivar uma grande diversidade de alimentos no que é basicamente um loteamento industrial abandonado e convertido numa estufa com uma estrutura que suporte os três níveis: plantas, aquários e contentores de composto.
-A compostagem e vermicompostagem são meios essenciais para manter a fertilidade do solo colocado nos recipientes das estufas. O composto vem de uma quinta próxima, dos resíduos domésticos do bairro (que beneficia de uma recolha de lixo orgânico, com separação) e de uma fábrica de cerveja e café na cidade.
Estes são os únicos inputs de fertilidade nas instalações (gratuitos porque vêm de um serviço que a GP presta) , e são reaproveitados várias vezes no sistema antes de saírem sob a forma de carne ou vegetais. O composto é conservado no interior das estufas para suprir parte das necessidades de aquecimento do espaço. A vermicompostagem serve também de produto para venda (minhocas e excrementos)
-O projecto tem também os animais de menor impacto na sua exploração - abelhas, galinhas e cabras- para venda de derivados e carne. As cabras pastam em baldios na cidade e também fazem um serviço pago para limpeza de terrenos. Os alimentos dos animais são produzidos na própria exploração.
A Growing Power tem-se tornado a voz mais importante não só sobre agricultura sustentável mas também sobre como cidades com problemas graves de pobreza e doenças relacionadas com alimentação são oportunidades para a criação de emprego, segurança alimentar e educação.
Para saber mais sobre este projecto o Will Allen faz aqui uma apresentação de diapositivos bastante clara e sintetizada.
Imagens de Growing Power
Olá, estou muito interessada em um sistema assim aqui ( moro no Planalto Central Brasileiro). Vou pesquisar mais, por que apesar da enormidade do território, minha região não privilegia a agricultura em áreas urbanas. Gostei imenso do blog, Thoreau é dos meus autores favoritos! Abraços sinceros,
Rose Nunes
Anónimo
11.5.11Obrigado pelo simpático comentário, boa sorte para os seus projectos!
Nuno
11.5.11