Aprender, fazendo

"As crianças são animais de criação extensiva e devem ser deixadas a pastar nos canteiros de morangos no Verão" John Seymour




Nunca entendi porque é que no nosso Ensino Básico transmitimos às crianças muito do conhecimento acumulado pela Humanidade durante milhares de anos como a Língua, Matemática e Ciência e não estendemos o currículo a todas as ferramentas elementares para a compreensão do mundo físico, como a Agricultura, e o conhecimento prático do mundo natural envolvente através da Biologia aplicada.

Este papel terciário ou inexistente na formação clássica, faz depois que certas actividades sejam alvo de alguma diminuição social e cultural, apesar da sua óbvia importância no quotidiano.
O caso mais visível é o da produção de alimentos, mas estende-se a todas as actividades, desde produzir utensílios, vestuário, culinária ou mesmo à construção propriamente dita, basicamente conhecimentos também resultantes da evolução da civilização. Pior ainda, a sua presença nos currículos do saudosismo ruralista  e patriarcal da ditadura manchou para várias gerações a presença destas actividades no ensino.

Fico no entanto curioso com métodos de educação que incluem alguns destes aspectos ou transferem a sala de aula para um contexto exterior e exclusivamente prático, mas não deixo de pensar que as ATLs semi-obrigatórias que agora existem podiam ser passadas (pelo menos parcialmente) com as crianças a aprenderem mais sobre os animais, fenómenos e objectos que os rodeiam.

É fundamental para o seu desenvolvimento e auto-confiança desenvolverem aptidões das quais retirem uma utilidade prática e imediata fora do abrigo de uma sala de aula ou da supervisão constante.
Gostava de um dia integrar na quinta uma forma de educação (em regime de ATL, AEC ou outro) que seja alternativa ou complemento à educação básica das crianças da cidade onde resido.

Não garantia é que voltassem com a roupa limpa a casa.

6 comentários :: Aprender, fazendo

  1. Não podia estar mais de acordo!

  2. Hum...
    As escolas Waldorf na região de São Francisco têm percentagens de apenas 23% de crianças vacinadas, quando os valores de crianças vacinadas em escolas oficiais sobe para 97%. Isso é assustador!!!!
    A ideia de um ensino Humanista é atractivo mas o preço...

  3. Sou totalmente a favor da vacinação, mas acho que as escolas Waldorf têm alguns valores que vale a pena respigar, como de certeza muitos outros exemplos. Em muitos aspectos são talvez um caso extremo - uma das quintas que me acolheu tem um regime que acho demasiado agressivo para os miúdos Waldorf de 15 anos que recebe da Alemanha.

    Na verdade acho que o ideal não seria necessariamente uma ruptura com o que existe na oferta de ensino público mas a possibilidade de existirem muitas mais actividades e programas nesta direcção.

    Pode ser que agora com a tendência de localização de alguma gestão escolar em parceria com autarquias, agrupamentos e associações de pais (que muita gente não sabe ou não faz uso mas tem um poder equivalente ás das outras duas instituições), se dêem algumas experiências interessantes em cada escola.

  4. Estão todos convidados para visitar a Escola Livre do Algarve, uma escola do ensino básico que segue a pedagogia Waldorf, sem fundamentalismos, só com bom senso e humanidade. Estamos no Algarve, claro, na aldeia da Figueira, concelho de Vila do Bispo. E também há outra escola Waldorf no Algarve, no Malhão (Tavira), chamada Semente de Alfarroba. A agricultura faz parte do currículo, a construção também...existimos desde 2008, e gostamos de receber visitantes e voluntários!

  5. Só mais uma questão: a vacinação não tem nada a ver com as escolas Waldorf, mas sim com as escolhas individuais dos pais. Em Portugal, todas as escolas, sejam elas públicas ou privadas, têm que pedir a cópia do boletim de vacinas aos pais. No entanto estes são livres de não vacinar as crianças, tendo para isso que assinar um termo de responsabilidade junto do Centro de Saúde.

  6. Agradeço a referência e os esclarecimentos E.L.A., não conhecia a vossa escola

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