Puramente Sensato


Ao ver este episódio do Biosfera sobre a competitividade da agricultura portuguesa é tentador chegar à conclusão de que a Quinta do Romeu, em Trás-os-montes, tem o "segredo" para todo este problema:

- Apostou nas culturas que estão adaptadas à região, tanto pelas suas características físicas e climáticas como pela história no local e aproveitamento do "know-how" tradicional

- Distribui-se por três culturas (olival, montado e vinha), que se alternam durante o ano e tornam a exploração comercialmente mais resiliente e intensiva na sua ocupação do solo

- Abandonou por completo a lógica da produtividade pelo peso, apostando fortemente na produtividade por valor acrescentado, pela certificação biológica e pelo reconhecimento gastronómico

- Comercializa sem intermediários na distribuição, com venda directa através da criação de uma marca forte e facilmente reconhecível e promoção directa (com relação com o turismo e restaurante próprio)

Ou seja, não tenta competir com a produção "ao peso" ou com aquela que já tem balanço noutros países, apostando nas especificidades do que temos, depende de si mesma na medida do possível, criou uma marca diferenciada e pratica uma forma de agricultura diversificada e de grande valor ambiental. Todos estes elementos se "pagam" uns aos outros eventualmente.

A estratégia que funciona em Trás-os-Montes facilmente funcionaria nas frutas do litoral, no gado no Alentejo e Minho e no leite nos Açores.
É exactamente o modelo oposto do que temos vindo a financiar para todo o país.

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