O título é deste amigo.
Um trabalho, mesmo um que é realizado por vocação, deveria permitir uma subsistência, ou seja, ser capaz de cobrir despesas com um lar, alimentação, energia, água, roupa e meios de deslocação. Também deveria garantir, para fazer sentido, alguma poupança, para investir num projecto pessoal ou começar uma família.
Por fim, deveria oferecer autonomia e algum tempo para a viver.
Quando o trabalho não dá a autonomia nem tempo e quando não permite pôr de lado o suficiente para investir num futuro, desaparece qualquer sentido de finalidade. Quando de forma mais grave obriga a escolher entre comer ou aquecer a casa, entre pagar renda ou uma deslocação necessária e a própria subsistência é posta em causa, sente-se com grande intensidade confusão e a decepção.
Quando apesar de se ter um trabalho se deixa de ter acesso a estas coisas surgem questões em relação ao sentido sequer faz aquilo que é fundamentalmente o estilo de vida da quase globalidade da sociedade onde crescemos e aquilo para que fomos educados toda a vida. Parecem não existir alternativas realistas ao fracasso ou à sub-existência neste esquema. Se o trabalho então nem sequer existe, o sentido de futilidade e fracasso é total.
Trabalhamos durante toda a vida para comprar um futuro, qualidade de vida e subsistência, mas acabamos muitas vezes por perde-los por vários motivos no final ou durante este percurso.
Se tivermos ao nosso alcance os meios para trabalharmos directamente para a nossa subsistência, futuro, e tempo para o viver provavelmente estamos a abdicar da poderosa promessa de liberdade das preocupações mundanas que nos é prometida com um contrato de trabalho a tempo indeterminado, um crédito à habitação, um seguro, dinheiro na conta e um plano de reforma.
Mas alguma vez a tivemos realmente ao nosso alcance?
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É isso tudo. E não podemos, chegados à idade adulta, contentarmo-nos com uma alienação que nos impeça de pensar nestas coisas a sério. Só temos esta vida como certa, descobrir como torná-la significativa, coincidente com a pessoa que somos, é fundamental. Por muito que custe passar pela frustração e pela sensação de vazio, pior é deixarmo-nos derrotar, amarrotados no nosso cantinho, a comer as migalhas da sociedade, vivendo a vida que que não escolhemos. O que eu espero é conseguir usar a frustração que sinto para me encher da energia que preciso para enfrentar o peso da liberdade e mudar, enfim, de vida.
anarresti
12.9.11