Modelos como as CSAs estão em crescimento em alguns países, com a emergência de correntes díspares: procura de variedades e produtos menos comuns; preocupação com gastos energéticos com transportes; inclusão económica de pequenos produtores, etc.
Colectivamente estas considerações têm vindo a assumir a designação de "locavorismo", embora as prioridades ainda sejam pouco consensuais.
Sendo de certa forma relativa a questão da energia (maior parte da energia gasta nos alimentos é gasta em casa, assim como a maioria dos desperdícios) e bastante circunscrita a questão gastronómica (mais próximo nem sempre quer dizer melhor) acho bastante pertinente a vertente socio-económica e também ambiental, uma vez que transporte e refrigeração ainda têm algum peso nas emissões mas sobretudo se se tiverem em conta produtos e modos de produção de baixo impacto e/ou de suporte à paisagem e biodiversidade.
Nada impossibilita que os hipers apoiem este tipo de produção, inclusivamente comprando a CSAs locais (como a Whole Foods) mas o problema passa a ser um de escala, o que suscitou duas reacções bastante interessantes em dois casos nos EUA e em Portugal que permitem ultrapassar esta questão:
A mega-cadeia de retalho Wal-Mart anunciou que vai reduzir a sua cadeia de abastecimento, passando a fornecer-se da produção agrícola local:
http://www.nytimes.com/2010/
A Jerónimo Martins vai criar uma marca de comércio de rua, que nada impede que tenha também uma cadeia de abastecimento mais reduzida e que apoie oferta dos centros urbanos:
http://www.jornaldenegocios.
Estes dois exemplos não excluem a possibilidade de coordenação com um modelo cooperativo organizado (não sendo necessariamente uma CSA), com vantagens para produtores e consumidores, para além da comercialização directa- em São Miguel uma cooperativa de produtores de carne tem o seu próprio talho e restaurante (bastante famosos) e em Barcelona cooperativas de produtores de hortícolas têm "marcas" e bancas próprias.
Muitos mercados têm mercearias e outras lojas, que lhes dão uma abrangência de necessidades capazes de competir com hipers, se se somar também a sua localização tendencialmente central nas cidades, vantagem que se transformou hoje em desvantagem, situação que ainda pode ser revertida.
Basicamente, existem aqui pontes para conciliar os interesses de todos, se houver uma convergência de alterações:
- Se os consumidores valorizarem mais a produção nacional e local, reconhecerem valor nalguns produtos tradicionais e alimentação "na época", e frequentarem mais os mercados ou comércio de rua- tendência tímida mas crescente
- Se os hipermercados verem vantagens comerciais (logística, ambiente, "premium" social) em reduzirem a sua cadeia de abastecimento e/ou tipologias de loja, como evidenciado por estes exemplos
- Se produtores agrícolas forem capazes de apostar em formas de organização da sua produção que lhes permita concorrer ao nível do comércio local, seja em grandes superfícies e/ou com marcas próprias em mercados e lojas cooperativas e contribuir para o aumento do seu poder negocial e remuneração.
São indícios positivos de outras formas de comprar de forma social e ambientalmente responsável, mais equilibradas do a actual situação que se polariza entre a situação difícil de obter conhecimento de vários produtores deslocalizados e longe dos grandes centros de consumo e a massificação deslocalizada de produtos e abastecedores que exclui ou é apenas limiarmente compensatória para muitos produtores.
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