Léxico [III] : Prosperidade sem Crescimento


Este é o título de um livro escrito pelo economista Tim Jackson, com o clarificador sub-título de "Economia para um Planeta Finito" (crítica do Guardian aqui). A ideia de que o desenvolvimento económico é uma ferramenta que serve a qualidade de vida das sociedades humanas e não uma espécie de organismo autónomo com valor em si mesmo (vulgo "os mercados", o novo "homem do saco") seria considerada uma blasfémia, não fosse o oportuno timing de publicação após a crise de 2008, quando esta ideia de desenvolvimento começou a trair as suas bases de forma mais evidente.

Ficam evidentes  três limites para este tipo de sistema: o limite a partir do qual a sociedade tem possibilidades de trabalhar enquanto perde qualidade de vida; o limite de diminuição de salários e emprego, extinguindo-se o consumo que suporta o crescimento; e por fim os limites físicos dos recursos finitos em que se baseia a produção e consumo de bens, do crude à produção agrícola.


Como actualmente o novo mantra económico da "austeridade" domina a paisagem política, como o desemprego e redução do poder de compra são evidentes e como os bens energéticos e alimentares sobem consistentemente é oportuno pensar para além do PIB e começar a reflectir sobre os meios de assegurar a prosperidade e qualidade de vida sem recurso ao "crescimento pelo crescimento".
Este livro deixa manifesta a necessidade de rejeitar praticamente toda a política económica vigente, abrindo perspectivas para algo fundamentalmente diferente ( provisoriamente chamado "steady-state economy").
Falta saber a que sociedade corresponde esta política económica baseada na qualidade de vida e se gerações inteiras cuja valorização advém do poder de compra estarão dispostas e integrá-la com naturalidade.

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