Mercat de San Josep @noeluap |
Este é o cerne da iniciativa de modernização levada a cabo pelo município de Barcelona em todos os seus mercados, um modelo que é hoje exportado por todo o mundo e que procura combinar os aspectos positivos das grandes superfícies e do comércio tradicional e pode ser sumarizado em alguns pontos:
- Os mercados são espaços assentes sobre zonas pedonais da cidade, que foram reformuladas ao mesmo tempo que o próprio mercado, privilegiando este tipo de comércio de proximidade que não depende de grandes superfícies de estacionamento ou viagens de automóvel
- Existe uma marca Mercats de Barcelona comum a todos os mercados mas com ligeiras variações para cada espaço. Os comerciantes aplicam esta marca na sinalética, embalagens e algum vestuário, unificando a rede e reforçando a noção de que a qualidade está distribuída por todos
- Oferecem-se todos os serviços e amenidades de qualquer hipermercado, como wi-fi nos espaços (sempre com zonas de estar dentro do próprio mercado), loja online, entregas ao domicílio mas também educação alimentar, aulas de culinária e formação com assuntos relacionados com saúde e alimentação
- Os clientes são encorajados a provar os produtos, a conhecerem melhor o seu uso e a estabelecerem uma relação de fidelidade com o seu fornecedor, que tende a ter um conhecimento mais aprofundado dos seus produtos específicos
- A entidade gestora coordena não só a manutenção dos espaços e a identidade mas dinamiza-o constantemente, com feiras temáticas, actividades gastronómicas e publicidade global (ver a activa página FB do grupo). Coordena também a variedade de oferta, para que tenham uma conveniência ao nível de uma grande superfície.
-São retidos muitos aspectos socialmente significativos que são valorizados pelos clientes: os comerciantes são donos do seu próprio espaço por longos períodos; no seu conjunto tratam-se de pequenos distribuidores o que por sua vez os leva a negociar com pequenos produtores, esforçando-se para se diferenciarem dos restantes comerciantes; existe uma relação entre o produto e o vendedor para os clientes, etc.
Que desafios se colocam perante a aplicação deste modelo em Portugal, por exemplo no Porto, em que existem vários Mercados de grande valor arquitectónico e bem localizados embora em variados graus de declínio (Bom Sucesso, Bolhão, Foz, Massarelos)? São vários e difíceis de resolver: cidades com centros vazios de habitantes, uma baixa área pedonal envolvente, hábitos de consumo acrítico, desvalorização da gastronomia e dependência do automóvel.
Uma vez que todos estes aspectos, embora ainda ubíquos, parecem felizmente dar indícios de algum enfraquecimento será que estamos prontos a dar em breve uma nova oportunidade aos mercados municipais?
0 comentários :: Queda e Ascensão do Mercado Municipal [II]
Enviar um comentário